Sobre a Quinta da Saraiva

UMA HERANÇA MADEIRENSE

pano de fundo

Embora a história da Quinta da Saraiva seja fundamentalmente de família e legado, ela deve, no entanto, começar com a casa real, que se estima ter sido construída algures na segunda metade do século XVIII pelos bisavós da geração sobrevivente mais antiga.
Ester, Anália, Salete, Sidónio, Alzira e Heliodoro compõem a última geração de irmãos que nasceram na Quinta da Saraiva de Francisco Joaquim Figueira Jr. e Inês Conceição Figueira (Née Baptista), todos os quais, auxiliados a nascer pela mesma parteira, senhora Agostinha.
A maior parte da história de fundo sobre a propriedade Saraiva foi compilada através de muitas entrevistas e discussões conjuntas gravadas pelo descendente dos irmãos Figueira.
Acredita-se também que o sobrenome “Figueira”, tenha origem judaica. Muitos judeus sefarditas que viviam na Península Ibérica durante os tempos da inquisição, seriam forçados a mudar os seus sobrenomes para se esconderem, ou sinalizar a sua conversão como Cristãos Novos, para apaziguar os inquisidores. Historicamente, frutas, árvores e/ou flores, eram escolhas comuns para esses novos nomes. No entanto, como a Madeira (e Portugal em geral) eram uma terra de herança mista, também deve ser destacado que os Figueiras, da Quinta da Saraiva, todos têm olhos claros e alguns são até ruivos naturais - talvez possa haver algum sangue celta ou nórdico misturado na herança familiar.
Não há memória da família para lá dos duzentos anos, no entanto, pode realmente encontrar diversas figueiras (arvores) na propriedade da Saraiva - perguntar ao nosso fazendeiro Luís onde encontrar a mesma.
Quinta da Saraiva

A PROPRIEDADE

Partindo da origem, o que historicamente era conhecido como a área da Quinta da Saraiva compreendia 3 casas diferentes, das quais apenas uma permanece nos dias de hoje, constituindo a casa central do hotel. A área original da Quinta da Saraiva também incluía as terras que eram (e ainda são) localmente chamadas de Quinta do Leme, Estreito e Jesús Maria José.
Muito do que existia naquela época não é mais o mesmo, como muitas das fotos da nossa galeria digital mostram. Exemplo disso é o grande poço de água que ainda fica dentro da propriedade. Costumava ser um famoso ponto turístico, extremamente popular entre os turistas britânicos e de Gibraltar, que procuravam admirar a beleza do vale de Câmara de Lobos e da sua costa.
No que diz respeito às gerações mais antigas, os Figueiras da Quinta da Saraiva eram tradicionalmente prósperos proprietários de terras que produziam culturas básicas madeirenses como trigo, batata doce, semilha, cana de açúcar, tomate, cebola, uva, figo, nêspera, peras, banana, entre outras frutas e legumes.
A Quinta da Saraiva também tinha vacas (para leite e manteiga - valiosas demais para a produção de carne), além de cabras, galinhas e porcos (que seriam abatidos para a festa de Natal).
A carne de porco seria então armazenada em latas ou pipas onde a carne poderia ser salgada e preservada ao longo do ano e a gordura de porco seria usada como manteiga, que seria mantida fechada dentro da bexiga de um porco abatido.
A eletricidade era um luxo que não estava disponível para as famílias madeirenses na época, o que significava que não havia frigoríficos e a luz, fora a do dia, vinha de lâmpadas de querosene ou óleo de baleia, proveniente da caça que ocorria a Norte no Porto Moniz ou a Sul no Caniçal.
Uma receita popular (e especial de Natal) que exigiria carne de porco era carne em vinho e alhos, que consistia em cozinhar carne de porco com água, vinho Madeira Seco, vinagre, pimenta preta, louro, alho e banha de porco cozida no vapor numa panela até que se tornasse seco e emborrachado, momento em que estaria pronto para comer!

Vida & Trabalho

Quanto ao dia-a-dia da propriedade, muitos moradores de Câmara de Lobos procuravam a Saraiva na esperança de encontrar um emprego como diário.
As quintas-feiras eram dias úteis, o que significava que os donos da Saraiva cozinhavam e ofereciam sopa de repolho misturada com carne de porco e batatas - um verdadeiro prazer para o tempo.
Os Figueiras mais velhos também tinham uma abordagem única para a realização de entrevistas de emprego, que simplesmente consistiam em analisar como um trabalhador comia uma refeição oferecida. Se o trabalhador em potencial levasse muito tempo para terminar, isso significava que ele era preguiçoso - “não presta” ou “não é útil” e, portanto, seria rejeitado.
No entanto, os donos da Quinta da Saraiva não eram apenas conhecidos por serem chefes e trabalhadores, mas também por serem generosos e extremamente solidários. A Madeira era, tradicionalmente, uma das regiões mais pobres de Portugal, principalmente devido à sua condição de ilha isolada das infraestruturas e redes existentes na Europa continental.
Os Figueiras vivos relembram a pobreza desenfreada que afligia a Madeira enquanto cresciam, tanto que muitos esperançosos trabalhadores diários, apareciam descalços em busca de trabalho, enquanto muitas outras pessoas vinham à Saraiva pedir esmola. Na época, era comum dizer aos que apareciam “tenha paciência” ou “seja paciente”, indicando que melhores tempos viriam.
Como ajuda adicional, aos sábados, os donos da Quinta da Saraiva distribuíam comida de graça e dinheiro para os menos afortunados que viessem ao seu encontro, pois o fim de semana permitia tempo livre fora do trabalho do campo.

CELEBRAÇÕES

Apesar da pobreza, os madeirenses também adoravam festejar e reunirem-se em comunidade. Os homens da Saraiva, como era habitual em outros locais ricos, voluntariavam-se como festeiros (ou patrocinadores de festas) que supervisionam a coleta (e depois a venda) de vinho doado de produtores locais para financiar as celebrações.
As meninas e moças da Figueira usavam vestidos costurados à mão encomendados pelos pais, especialmente para o arraial (festa da vila) de São João, que ocorria durante o dia 24 de junho.
As três festas mais importantes ao longo do ano eram o Dia de São João, São Francisco e, claro, o Natal, e não há Natal madeirense sem bolo de mel - algo que a família Saraiva fez sem falhar, fazendo disso um ponto de honra.
O bolo de mel, um doce tradicional (e único) madeirense, é feito com farinha de trigo, nozes, vinho doce da Madeira, aguardente de cana, sidra de frutas, amêndoas, passas, frutas de confeitaria, melaço de cana-de-açúcar, fermento, bicarbonato de sódio, pimenta moída branca e preta, cominho, canela e açúcar - uma das únicas receitas que apresentam esse último ingrediente, considerado um grande luxo na época. Durante a preparação a massa é constantemente batida misturando todos os ingredientes e seguido de um descanso de 2 dias e uma noite antes de estar pronta para a cozedura. Um bolo de mel pode ser consumido até 6 meses depois de confecionado, isto se efetuado de forma correta! O bolo de mel não deve ser cortado com faca metalica, mas sim quebrado com as mãos por forma a não oxidar na zona de corte.

Bolos de mel também estão disponíveis para sua degustação na Quinta da Saraiva.
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educação

Crescer na Madeira durante a primeira metade do século XX significava que, provavelmente, só receberia uma educação até à quarta classe, especializada em gramática e aritmética, dando condições para trabalhar no comércio ou indústria (os meninos) ou aprender tarefas domésticas e deveres de esposa (as meninas). As únicas escolas disponíveis que ofereceriam educação além do quarto ano, estavam localizadas na capital, o Funchal - o que não era prático para os Figueiras.
Os Figueiras e seus pais não tinham carros. Para ir ao Funchal, apenas o podiam fazer num autocarro chamado "Horário", o que levava aproximadamente uma hora a alcançar o centro da cidade da capital regional, isto desde a Quinta da Saraiva. Era muito dispendioso manter como uma despesa pessoal frequente.
Além disso, a bisavó Inês não queria que os seus filhos fossem sozinhos para o Funchal, e decidiu que seria suficiente frequentar o convento da Ordem Franciscana local para uma educação ministrada pelos padres e freiras das Irmãs da Congregação de Nossa Senhora das Vitórias. As crianças da Figueira iam todos os dias ao convento, das 8h às 16h, levando a sua comida com eles nos tradicionais cestos de vime.
No entanto, os Figueiras também teriam direito a uma viagem. Uma ou duas vezes por ano, a família, amigos e vizinhos alugavam um autocarro para poderem dar a volta à ilha e desta forma explorar a mesma. É incrível pensar que uma viagem de Câmara de Lobos para o Faial, naquela época, teria a mesma implicação que tem hoje uma viagem para um continente diferente, pelo menos em termos de recorrência anual.
Quinta da Saraiva

SOCIEDADE

A Quinta da Saraiva, antigamente, era uma casa rica, mas nem mesmo as comodidades básicas que hoje damos como garantidas estariam disponíveis. Nas ocasiões raras em que a casa não teria acesso à água, as meninas da Saraiva iam ao riacho próximo, às 3 ou 4 da manhã, da madrugada, para não arriscar o constrangimento da comunidade local ver os ricos tomarem banho como os pobres. Num ambiente tão isolado e pacífico, os mexericos eram um dos passatempos favoritos da ilha.
Na mesma nota, a cultura de maldizer, misturada com uma sociedade católica conservadora, também significava que as interações sociais entre adolescentes e jovens adultos de diferentes sexos eram quase tabu e severamente limitadas a certas ocasiões especiais, ou brechas. Um desses encontros ocorria quando as meninas da Saraiva passeavam pela varanda principal da casa e observavam jovens pretendentes aproximarem-se ao longe - apenas reconhecíveis através de binóculos!
“Vem aí a camisa verde!” ou “Aí vem (aquele com) a camisa verde!”, seria ouvido entre as garotas rindo de emoção. Falar seria um escândalo, e os jovens madeirenses contentavam-se com uma troca de olhares ansiosos e até ousados. Foi durante uma dessas trocas que Ester, a irmã mais velha da família, conheceu o seu marido Arnaldo.
Outra ocasião em que era aceitável a interação de ambos os sexos, era durante a Missa Católica, quase obrigatória todos os domingos para a sociedade madeirense da época.
Durante a época de Natal, os madeirenses deveriam comparecer à Missa do Galo à meia-noite do dia 24, e quatro horas depois, teriam assistido à Missa dos Pastores, às 4 da manhã do dia 25 - uma exaustiva noite especialmente para aqueles que eram mais jovens.
Discotecas ou bares noturnos eram obviamente inexistentes na época, ou os poucos que existiam não eram lugares socialmente aceitáveis para mulheres jovens. Em vez disso, a ilha surpreendentemente tinha muitos cinemas nas suas muitas aldeias, e meninas e meninos de todas as idades reuniam-se para assistir aos "shows" noturnos que começavam religiosamente às 17h, todos os finais de semana.

PARA LÁ DA MADEIRA

Por último, devemos dedicar uma seção à ligação especial entre a Quinta da Saraiva (e a Madeira em geral) com o país da Venezuela. Afligidos pela pobreza, muitos trabalhadores rurais estavam presos num círculo vicioso de estagnação geracional, com muito pouca ou nenhuma oportunidade local disponível para superar sua situação.
Misturada a essa realidade gritante, estava a política do Estado Novo do ditador António de Oliveira Salazar de manter as colónias portuguesas a todo o custo, o que significava que todos os jovens portugueses eram convocados para o exército assim que completassem 18 anos, no intuito de lutarem em África.
Para escapar do círculo vicioso da pobreza agrária madeirense, ou pior, tiros ou malária mais ao sul, muitos jovens madeirenses - muitos daqueles que tentaram conquistar as meninas Figueira - pegaram um barco para países distantes de oportunidade, como a Austrália, África do Sul, Venezuela ou mesmo o Brasil - que hoje representam algumas das maiores comunidades de portugueses madeirenses em todo o mundo.
Todos, exceto dois dos irmãos Figueira, acabaram por se mudar, ainda jovens, e desenvolveram as suas vidas e famílias permanentemente na Venezuela. “A Venezuela era um oásis” era uma frase comum usada pelos emigrantes portugueses na época - um país com uma política de imigração de portas abertas, muitas oportunidades para trabalhadores esforçados e uma comunidade portuguesa unida que se apoiava até se tornar um dos grupos mais importantes da economia nacional, criando algumas das maiores empresas que o país já viu até hoje.
Anália, a segunda irmã mais velha da família Figueira, casou-se com José Rodrigues Diniz, vizinho de Câmara de Lobos, que assumiu com muito amor e carinho a manutenção e o desenvolvimento da Quinta da Saraiva até sua morte, em março de 2018.

QUINTA DA SARAIVA HOTEL

Para manter o legado e o espírito da Saraiva, foram os descendentes de Anália e José que assumiram a realidade do Hotel Quinta da Saraiva, durante um período de três anos, de setembro de 2016 até à sua inauguração em novembro de 2019 - liderada pelo neto Juan Daniel Gonçalves Rodrigues.
Todos esperamos que se possa juntar a nós e compartilhar uma experiência madeirense inesquecível e autêntica que viverá consigo e com os seus entes queridos para sempre. A Quinta da Saraiva é realmente um lugar especial repleto de histórias e experiências que merecem ser partilhadas.
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